domingo, 23 de dezembro de 2012

Convite de Natal

Olá!

Estou aqui hoje para fazer um convite muitíssimo especial pra todos vocês.

Já falei aqui no blog sobre a revista Sorria, aquela vendida na rede de farmácias Droga Raia. Sempre fico encantada com tudo aquilo que eles trazem, em especial o editorial feito pela Roberta Faria, a editora-chefe. 

No exemplar de Dezembro, ela fala sobre viagens e mudanças. Apesar de o tema, à primeira vista, não ser tão relacionado ao Natal em si, separei uma parte do texto da Renata pra fazer um convite a todos.

"(...) Voltamos a ver graça nas pequenas coisas, como um pôr do sol. Ficamos mais abertos a conversar com estranhos (ainda que, no nosso dia a dia, evitemos até os conhecidos). E mais dispostos a conhecer - a caminhar por ruas novas; a nos sentar em um restaurante do qual nunca ouvimos falar; a ir a lugares que não costumamos frequentar (...); a tentar coisas que nunca faríamos."

Convido a todos, assim, a tentarem ver em suas próprias rotinas uma coisa nova. Convido vocês a olharem, como se fosse pela primeira e pela última vez, a todas as pessoas e lugares já conhecidos e explorados. E convido também a explorarem novos lugares, novas pessoas e a vocês mesmos.

Desejo a vocês um Natal maravilhoso, abençoado e santo.

Camila 
 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Feito por mim

Olá!!

Vim aqui hoje pra mostrar um pouco mais de mim pra vocês.

Eu sempre amei ler. Quando bem pequenininha, eu lia tudo o que eu encontrava de interessante nas prateleiras da biblioteca da escola. Um dia ganhei um livro de presente da própria bibliotecária. Foi um dos momentos mais memoráveis nessa história de amor pelos livros e tenho aquele livro guardado comigo até hoje com o maior carinho do mundo.

Não só a partir daí, mas acho que foi nessa época que eu comecei a me aperfeiçoar na escrita, desde que aprendi a escrever já saí tentando fazer poesia e criar histórias. Quando comecei a ler coisas do mundo real, revistas, jornais; quando comecei a entender tudo aquilo foi quando eu me apaixonei pelo texto crítico.

Comecei a escrever um pouco em silêncio (escrevia no meio dos cadernos que usava na escola) e até perdi a maioria desses meus textos de crítica à sociedade, à política, à própria humanidade. Às vezes eu sentia, e ainda sinto, que acabo sendo muito dura naquilo que escrevo. Mas por mais que a crítica seja negativa, preservo sempre, sempre mesmo, e muitas vezes até sem perceber, uma visão de esperança e fé nas coisas boas.

Fazia muito tempo que eu não escrevia, mas esses dias essa vontade imensa veio transbordando e não deixando outro dia passar. Tinha que ser naquela hora.

Final de ano me faz pensar e refletir muito. Acho até que isso acontece com mais da metade de nós. Pensamos nos nossos erros, nas nossas faltas, nos nossos acertos, conquistas, felicidades. Pensamos naquilo que mudamos e o que nos motivou a mudar. Fazemos uma retrospectiva das pessoas que ficaram mais um ano, naquelas que se foram, naquelas que chegaram. Tudo isso, pra mim, está maravilhosamente escrito e cantado em "Encontros e Despedidas". A estação, no caso, é a nossa própria vida.



Dessa vez escrevi muito pouco, mas escrevi tudo aquilo que eu realmente ando pensando.

Quis trazer pra vocês, assim, um pouco mais de mim. Espero que gostem.
P.S. Escrevi tudo de uma vez. Não fiz revisões. Existem erros, repetições, faltas e excessos. E acho que é isso que o torna especial.

"Eu penso que o mundo é hipócrita e, ao mesmo tempo, cheio de amor.
Amor à pátria, amor próprio, amor familiar e amor amoroso.
Acho, também, que tanta gente passa pela vida da gente... mas ao mesmo tempo poucas realmente são percebidas ou lembradas.

                 Eu penso que o mundo é controverso. E egoísta. E todo mundo sonha em poder. 
              Essa coisa de poder me confunde. Acho que é uma questão da humanidade. Todo mundo queria poder alguma coisa; ter algum poder.
Poder de mudar o mundo. Poder  político. Poder econômico. Poder humanitário. Poder de destruição.

Eu penso que o mundo é autodestrutivo. E cativante.
É incrível essa mistura humana de formas, formas, cores, crenças, fés, culturas, morais".



 Camila.
                                                                                  
 
 
 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Menininha

Meninas, hoje quero falar com vocês!!

Depois de tantos livros sérios e trágicos, resolvi trazer uma dica que pra mim funciona muito.

Quando eu termino algum desses livros, gosto de focar em coisas mais felizes, mesmo que fúteis, pra dar um pouco de risada e conseguir entrar na diversão. Pra isso, eu costumo ler um livro bem menininha mesmo!

Eu sempre gostei muito de assistir Laguna Beach, The Hills, The City, essas coisas. E a Lauren era a minha favorita! Quando ela saiu do The Hills, seu primeiro livro foi publicado e hoje já publicou o 4º. São eles:

                                               
                                            

A história começa mesmo no L.A. Candy e vai continuando nos outros livros. Por isso, não tem como não ler todos. São super bem escritos. Os contam a história de um (alguns, na verdade) reality shows - assim como os que a própria Lauren vivia - e seus bastidores. Tenho a impressão e, quase que a certeza, de que muito do que realmente aconteceu em sua vida real a autora colocou muito bem nos livros.

Depois de "Eu sou Deus", merecia uma pausa de histórias tensas, mesmo tendo comprado meu terceiro Giorgio (Memórias de um Vendedor de Mulheres). Por isso, comecei a ler "The Fame Game" e estou amando! Pena que, por enquanto, este é o último livro dela.




Vale lembrar que, além desses livros que eu citei, a Lauren Conrad tem alguns outros, mas são sobre moda, estilo e beleza e não contam uma história propriamente dita.






Depois de terminar essa minha leitura, quero começar a ler "A Bola de Neve", biografia do economista Warren Buffett. Já está à espera na minha gaveta. Alguém conhece o livro? É uma bíblia de grande, mas já ouvi muitas boas críticas sobre ele. Vou contar tudo dele aqui também!

Bom, minha dica era basicamente essa. Espero que gostem! (Como o livro é bem "teatral", não tem muito o que eu separar dele que não fique sem contexto. Se eu conseguir um trecho bom, coloco aqui pra vocês)

Camila.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Eu Sou Deus- ÚLTIMO DIA

Bom dia!!

Chega o final de semana e, com ele, o último dia dessas duas semanas de "Eu Sou Deus". Decidi selecionar alguns trechos de alívio e recomeço.

Todos nós já passamos por situações de angústia, medo e sentimento de incapacidade. Durante o percurso, que parece não ter fim, nos surpreendemos, muitas vezes, com a nossa força, nossos apegos e acabamos descobrindo novas formas de sermos nós mesmos. A fraqueza, nessas horas, o "let go", é o abismo.

Sobre isso, gosto muito de uma frase no Nietzsche, na qual ele diz: 
"Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti".

Mais uma vez, achei que Giorgio surpreendeu muito, principalmente no final do livro, ao deixar que as próprias personagens contassem suas próprias histórias.


"Russel deixou aflorar o tal sorriso.
Descobrir depois de todo aquele tempo que Jenson Wade tinha senso de humor era, no mínimo, estranho. Ficou se perguntando quantas coisas não sabia sobre o pai. Logo em seguida, respondendo a si mesmo, pensou com certa amargura que eram pelo menos tantas quantas as que seu pai não sabia sobre ele".
"Lá embaixo, vejo Nova York, uma das muitas cidades que consegui conquistar em minha vida. Mas hoje me parece um pouco mais preciosa, no momento em que um pensamento alegre atravessa minha mente.

Meu filho, Russel Wade, é um grande jornalista e um grande filho da puta.
Creio que esse segundo aspecto de sua personalidade ele herdou de mim". 

Em meio às reconciliações e perdas, a possibilidade de voltar a sorrir e a respirar:



"Em pouco tempo, voltaremos a conversar até reaprendermos a sorrir. Entendi muitas coisas aqui, do modo mais simples. E fui aprendendo aos poucos, dia após dia". 





"Quando acrescentou que daquela vez ninguém conseguiria tirá-lo de mim, eu sorri. 
                                                       Minha mãe também sorriu, e eu pude finalmente respirar".

"Chego mais perto e o olho bem nos olhos. Não consigo acreditar que esteja olhando para mim como eu queria que olhasse desde o primeiro momento em que o vi.

Fechando a análise que fizemos, a ficção na qual mergulhamos nesse thriller, trago as frases com as quais eu mais me identifiquei e acredito que aconteça o mesmo com vocês. A última delas contrasta com uma do último post (aqui).

"Toda essa experiência absurda acabou me ensinando que as palavras não totalmente expressadas são, às vezes, mais perigosas e mais danosas que as que gritamos a plenos pulmões. Ensinou também que a única maneira de não correr riscos, em certos casos, é arriscar". 





"É uma brisa fresca e leve, daquelas que enxugam as lágrimas dos homens e impedem que os anjos chorem." 

Bom final de semana a todos!

Camila.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu Sou Deus - Ilusões

Em primeiro lugar, quero pedir desculpas por ter desaparecido um pouco na semana passada. Tive alguns compromissos, estou fazendo tudo ao mesmo tempo, ou seja, uma bagunça. Por causa disso, o livro da semana vai acabar tendo duas, mesmo porque na semana que está começando também tenho mil coisas, mas vou fazer o máximo pra atualizar vocês.

O tema de hoje é "ilusões". Resolvi falar sobre isso por dois motivos. O primeiro deles é que nós, com toda a nossa humanidade, nos deparamos com ilusões a todo momento. O segundo motivo foi próprio da história de "Eu Sou Deus", na qual, como já vimos, há uma dissimulação incrível de personalidades que assume nossa personagem. Assim, a esperança muitas vezes se confunde com a realidade e com a ilusão, criando e alimentando o que Giorgio Faletti chama de "Deus".
"Um bater de cílios, um salto indecifrável no cronômetro da eternidade. No entanto, bastaram para apagar tudo. Agora, se levantasse os olhos, só veria diante de si uma parede lisa, cujo único apoio para encorajar a subida era seu rancor". 

"Era uma época em que ainda acreditava que as esperanças não custavam nada, antes de aprender que, ao contrário, podem custar muito caro". 


E dessas frases nasce a que, a meu ver, é a mais gritante do ceticismo:
"Teve a impressão de que o vento, aquele que impedia os anjos e os homens de chorar, tinha de repente parado de soprar".

Para aqueles que fazem a guerra, que conhecem o peso da destruição e de serem destruídos, as memórias e o aprendizado que dela surgem levam, muitas vezes, à vontade do desaparecimento, do esquecimento perante aqueles que esperam.
"Agora, tudo o que lhe restava daquela farda era uma jaqueta de tecido verde no fundo de uma sacola. E as regras voltaram a ser as de sempre.
(...)
Sem saber, os homens que lhe mandaram enfrentar a guerra e seus ritos tribais deram-lhe algo que, antes, ele apenas tivera a ilusão de possuir: liberdade."

"Havia uma nota de reprovação naquelas palavras e naquela voz. Ele se levantou num salto, apoiando para si mesmo com as duas mãos.
-Não está vendo, Ben? As cicatrizes que está vendo no meu rosto estão espalhadas por todo o meu corpo.
-Ela amava você.
Ben se corrigiu imediatamente.
-Ela ama você.
Ele sacudiu a cabeça como se quisesse afastar um pensamento incômodo.
-Ama um homem que já não existe mais.
-Tenho certeza de que...
Ele o deteve com um gesto de mão.
-As certezas não são deste mundo. E as poucas que existem são quase sempre negativas."

Deixo, assim, para vocês, uma última frase que me chamou muito a atenção; levando o contexto do livro, tudo faz sentido. Quando, porém, trazemos à realidade, a veracidade se desfaz, à medida que se sobrepõem nossos valores.

"A fé era uma dádiva, como o amor, a amizade e a confiança. Não podia nascer da razão. A razão só podia, em determinados casos, ajudar a mantê-la viva. Era o outro trilo, o que corria paralelamente, numa direção que não se podia conhecer. Mas se a fé levava à perda da razão, perdiam-se com ela o amor, a amizade, a confiança, a bondade.
E, portanto, a esperança."



Camila. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Eu Sou Deus - Faces

Queridos, 

Nesse segundo dia resolvi me dedicar a aprofundar um pouco mais na personagem principal do nosso livro: Deus. Ou Ninguém, como o titulam, algumas vezes.

Dos livros que já li, talvez tenha sido o homem desse livro o que mais me impressionou. Por assumir várias máscaras, várias faces, fica difícil direcionar nosso sentimento em um só. Uma coisa, porém, existe em todas elas: a fé. Seja pelo sagrado, pela necessidade, pela vingança, pelo amor ou pelo ódio.

Essa personagem esconde marcas e segredos de uma dor sem fim, a qual nasceu na Guerra do Vietnã e continua corrompendo todos aqueles que dela participaram. Seus rastros não são apagados nem mesmo com o tempo. Na verdade, a história acontece pelo contrário do comum; à medida que o tempo passa, os sentimentos aumentam.

"Involuntariamente, o tom daquele “não, senhor” o denunciou definitivamente.
- É militar?Sua expressão pareceu uma confirmação mais que suficiente. A palavra Vietnã não fora pronunciada, mas flutuava no ar.- Loteria?Sacudiu a cabeça.- Voluntário."

"O rapaz que fora um soldado olhou-o por um instante em silêncio.
                                                              Os aviões virão de lá...
                                               Depois disse seu nome.
                            O xerife arregalou os olhos.

- Não é possível. Você está morto.

Acendeu o isqueiro. Os olhos aterrorizados dos dois homens estavam fixos na chama. Sorriu e apenas por essa vez ficou contente de que seu sorriso fosse uma careta.
- Não, filhos da puta. Vocês estão mortos.
Com um gesto teatral, abriu a mão mais que o necessário e deixou o Zippo cair no chão."


Um sofrimento alimentado erroneamente, a partir de uma outra face que se descobre. Um rosto triste e humano. Tão humano que também ele tem, ou pelo menos tinha, algumas esperanças alimentadas no peito.

"Não haveria braços abertos, palavras de glória nem fanfarras para a chegada do herói. Ninguém nunca o definiria assim e, de todo modo, para todos o herói estava morto."


Dá para perceber, a partir dessas duas passagens, o quanto uma escolha pode nos trazer consequências inesperadas e irreparáveis. A vontade se transformou em remorso, até que, em certo momento, chega ao ódio:

"Estive lá. E, diante daquele monumento, entendi uma coisa.
Fez uma pausa, como se buscasse as palavras capazes de sintetizar seu pensamento.
- As guerras acabam. O ódio dura para sempre."

Esse ódio é tanto que, de certa forma, na verdade, ele vai sendo tão alimentado até que seja transformado em orgulho, em satisfação. Como se aquilo fosse uma forma de cumprir um dever, uma promessa.

"Pensou que talvez aquele fosse seu verdadeiro talento. Tinha certeza de que, quando tudo aquilo chegasse ao fim, encontraria uma forma de contar ao mundo uma grande história.
A sua grande história."


E quando tudo chega ao fim esperado por aquele "Deus", descobre-se que a máscara que ele estampava era confusa, triste e compreensível.

"Foi terrível saber o que havia por trás de seu olhar, descobrir tudo o que foi capaz de fazer e como o mal consegue alcançar lugares que deveriam estar fechados para ele."

Por fim, um rosto tão deformado pelas máscaras que assume é involuntariamente definido e generalizado por uma outra personagem. Essa, sim, cheia de esperança, gratidão e força de reparação:

"Um nome não significa uma pessoa, pensou.
Havia muitos nomes por aí, gravados em túmulos com cruzes brancos, todos em fila com uma precisão de relojoeiro. Isso não mudava nada. De nada serviria para trazer aqueles rapazes de volta à vida, para tirar de seus peitos sem respiração o número que traziam escrito como uma medalha em honra das guerras perdidas. Ele continuaria a ser, sempre e somente, mais um entre muitos. Conheceu muitos como ele: soldados que se moviam e riam e fumavam baseados e usavam heroína para esquecer que tinham a retícula de uma mira desenhada para sempre no peito. A única diferença entre eles era o fato de que ele ainda estava vivo, embora na prática se sentisse sob uma daquelas cruzes. Ainda estava vivo. Mas o preço que pagara por essa diferença irrelevante foi um salto no vazio grotesco da obscuridade." 


Camila.




domingo, 28 de outubro de 2012

LIVRO DA SEMANA - Eu Sou Deus

Olá!!

Bom pessoal, não apareço aqui há quase nove meses! É um absurdo, eu sei, mas depois que a faculdade começou ficou tudo corrido e eu acabei deixando o blog um pouco de lado, mas senti MUITA falta! O que importa é que estou de volta.

Eu já tinha falado pra vocês sobre o "Eu Sou Deus" e era tanta coisa que só consegui acabar de ler na semana passada. Eu amei cada segundo dele! Já sabemos como o Giorgio Faletti é gênio em fazer os leitores se prenderem muito na leitura. 

Nesse segundo livro (que não é continuação do "Eu Mato" mas segue a mesma linha), os crimes são indiretamente cometidos e não tão bárbaros como no primeiro. A ferida que causa todos os motivos das mortes é muito mais profunda do que conseguimos imaginar. 

Para começar, quero apresentar as primeiras páginas do livro. Posso dizer que já de início tudo está "à flor da pele", e adianto que até as trinta últimas páginas a tensão não tem fim.

Espero que gostem.

"Esse é o meu poder.
Esse é o meu dever.
Esse é o meu querer. 
Eu sou Deus."

"Seu rosto de agora, seu rosto de outrora. Duas figuras diversas, a trágica magia de uma transformação, duas peças que em seu percurso marcaram o início e o fim daquele longo jogo de sociedade que fora a guerra. Muita gente o tinha jogado, gente demais. Alguns pararam por uma rodada; outros, para sempre. Ninguém venceu. Ninguém."

"- Acha que está pronto?
  Não!, Gostaria de gritar.  Não estou pronto, assim como não estava quando tudo isso começou. Não estou pronto agora e não estarei nunca. Não depois de ter visto o que vi e de ter vivido o que vivi; não depois de meu corpo e meu rosto...
- Estou pronto."

Camila.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Eu Mato - ÚLTIMO DIA!

Olá!!

Nesse último dia de comentários e sugestões, gostaria de fazer um convite a todos: façam algo, sempre que puderem, que tenham medo. Eu sei, essa frase já virou clichê....mas eu me forcei a isso quando resolvi ler Eu Mato. Sou realmente muito medrosa e covarde, muitas vezes, por não querer tomar o risco de fazer algo que me assuste. Mas quando faço e descubro que não existe bicho papão (na verdade o pior "bicho" é a nossa mente), me orgulho de mim mesma e até tenho vontade de desvendar mais sobre o que para mim é assustador.

Aproveitando esse gancho, quero fazer outra sugestão. Já conhecem a revista Sorria, vendida na rede Droga Raia? Sempre que passo pela farmácia pergunto se a edição nova já chegou. É cativante, porque lá eles tratam de histórias de pessoas reais e abordam temas do dia a dia, fazendo com que nos identifiquemos. Além de tudo isso, comprando a revista, é possível ajudar crianças doentes e carentes, ou seja, fazer o bem! Esse mês, a Sorria fala sobre coragem, sobre enfrentar os medos. Minha parte preferida da revista é o editorial, feito pela Roberta Faria, a editora-chefe. Ela escreve maravilhosamente bem e coloca a nossa vida junto à dela em suas palavras e momentos. Vocês podem ter acesso à mais informações sobre como todo o projeto funciona no site.

Voltando.......quis trazer hoje, pra vocês, duas passagens. A primeira fala sobre compaixão, família, amizade, companheirismo e emoção. Admiro o poder que Giorgio Faletti tem de alternar trechos assim com os de angústia, medo, investigação e morte. Já a segunda é uma simples certeza que todos nós temos, acompanahda de um "quê" a mais, uma frasezinha inserida ao contexto da incerteza. Vamos a elas:

"Frank podia sentir tudo isso no ar. Era um estado de espírito que conhecia perfeitamente, aquela sensação de perda que a vida carrega inevitavelmente consigo nos lugares que toca com a mão pesada da dor. No entanto, estranhamente, em vez de angústia, Frank encontrava um pouco de paz naquele lugar, nos olhos vivos de Céline Hulot, que teve a coragem de sobreviver ao filho morto refugiando-se no porto tranqüilo de sua loucura inocente.
Frank sentia inveja e tinha certeza de que o amigo sentia o mesmo. Para ela, os dias não eram números que uma mão apagava de um calendário dia após dia, para ela o tempo não era a espera interminável por alguém que nunca chegaria."


"Sente um aperto no coração.
                         Nada é para sempre."

Espero que tenham gostado!

Camila.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Eu Mato - Sobre o amor


HAPPY VALENTINES DAY!!

Queria esperar até o dia de hoje pra falar sobre o amor, já que é quando quase o mundo todo o homenageia.

Sem muito a explicar sobre o sentimento mais querido e creio que também seja o mais almejado no mundo, só quero dizer que Giorgio Faletti nos faz lembrar que, mesmo em meio ao caos, à desordem e ao trabalho pesado, é possível encontrar o amor, e mais ainda, a felicidade e as respostas para os questionamentos da vida. Na leitura, é um moneto de volta à realidade não só pelos leitores, mas também pelas próprias personagens, mergulhadas no mundo quase irreal no qual estão vivendo.

"A felicidade não é para ser analisada, é para ser vivida."
"- Eu te amo, Frank.

Helena se deu conta de que era a primeira vez que dizia aquela palavra. E de que, pela primeira vez na vida, sentia um medo do qual não tinha medo."


Camila.



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Eu Mato - Carnavais

Oi pessoal!!!

Como algumas coisas são meio estranhas né? Eu me lembro de que quando estava lendo Uma Vontade Louca de Dançar, ia marcando frases sem parar! Em Eu Mato, acho que fiquei tão curiosa pra saber mais e mais que acabei separando só alguns trechinhos, que eram aqueles que fugiam um pouco do "terror" do livro, como falei. Acho que sempre quando estamos lendo um livro, acabamos tirando dele aquilo que precisamos no momento de vida que passamos. Tenho muito essa coisa de às vezes me refugiar nos livros pra poder viajar um pouquinho e tirar aprendizados a partir da vida de outras pessoas as quais estão sendo retratadas por autores sempre incríveis. É fantástica a transformação que um livro, uma frase ou um pensamento podem fazer em nós, nem que seja só por um momento.

Voltando agora ao livro, Giorgio o escreve alternando capítulos enumerados e "carnavais". Cada carnaval significa a morte de alguém; o triunfo de Ninguém ao conseguir mais uma vítima, mais um rosto. Assim, ao longo da trama, os mistérios passam a ser melhor entendidos um padrão passa a ser notado e, finalmente, as pistas começam a aparecer. Um mix de angústia, clareza, medo, certeza e invalidade toma conta até mesmo dos policiais, que passam a ser novas possíveis vítimas.

Hoje trouxe um trecho de dois carnavais, o sexto e o sétimo, pra que se entenda também que neles, o pensamento de Ninguém se confunde com o de Faletti, e muitas vezes, com o nosso também.
"Quando, em que hora do dia ou da noite, fixada num relógio sem corda, acontecerá aquele último segundo e não mais um outro, deixando o resto do tempo ao mundo que prossegue em outros giros e outras corridas? Onde, em que leito, banco de carro, elevador, praia, poltrona, em que quarto de hotel o coração sentirá aquela última dor aguda e a espera interminável, curiosa e inútil por outra batida, depois do intervalo que se faz cada vez mais longo, ainda mais longo, infinito? Às vezes tudo é tão rápido que aquele último estremecimento é finalmente a calma, mas não a resposta, pois naquele lampejo que cega não há tempo para compreendê-la, às vezes nem mesmo para ouvi-la."
Mravailhosamente escrito! Giorgio Faletti parece, às vezes, tirar palavras que nem nós pensávamos ter no coração.

"Mas o tempo, o tempo sarcástico que trata os homens como brinquedos e os anos como minutos, voou a seu redor e retirou com uma das mãos o que tinha dado em profusão com a outra."
Leiam! Amanha quero trazer um pouco do lado romântico da obra. À medida em que vamos lendo, pensamos que o amor toma uma parte do livro, mas não dele todo. Ao final da leitura, descobrimos uma história de amor incrível em todas as 531 páginas.


Camila.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

LIVRO DA SEMANA - Eu Mato

Olá!!

Primeiro quero me desculpar por não ter trazido nada depois do último dia da obra maravilhosa de Élie Wiesel. Vou tentar ser mais determinada!!

O livro que separei pra essa semana me deixou em estado de choque por muito tempo, por dois motivos: por ser um estilo de livro que sempre tive medo e também pelo fato de eu ter devorado 531 páginas em menos de duas semanas!

Eu Mato, escrito pelo super consagrado escritor e compositor Giorgio Faletti, nos leva a Montecarlo, onde crimes misteriosamente loucos e bárbaros estão acontecendo. O serial killer, além de, literalmente, arrancar até os fios dos cabelos das vítimas, é super inteligente, culto, e (acreditem!) acaba se tornando muito querido no final da leitura.

As cenas são escritas detalhadamente, então quem tem aflição a esse tipo de coisa, fique longe!! E a obra é tão bem escrita que tudo parece muito real, ou, pelo menos, perfeitamente imaginável. Como tudo tem um porém, quero aliviar um pouco dizendo que, por mais que se trate de um homem louco que mata suas vítimas brutalmente, a história acaba sendo muito fictícia, daquelas que seriam impossíveis acontecer na realidade (espero!!!!!!), o que faz com que o nosso medo vá embora.

O cenário, já descrito, é complementado pela rádio local, em um programa em que os ouvintes participam através de ligações. E é justamente esse meio que o assassino encontra para dar "pistas" sobre a próxima vítima, tocando uma música como "dica". O problema é que as pistas só se tornam fáceis depois que o crime foi cometido.

Para tentar desvendar o caso e o assassino Ninguém, como se autotitula, um detetive e um agente do FBI mergulham de cabeça na trama, no mistério e na intrigante história que envolve e, de certo modo, justifica tais barbáries. Psiquiatras se juntam ao time a partir do momento em que outras esferas da "vida" de toda Montecarlo são ativadas.

Ao longo da semana, vamos conhecer um pouco mais sobre o lado humano e paralelo aos crimes. Quero mostrar que, além de ter escrito um thriller fantástico, Faletti não se esqueceu de que o mundo não é feito só de assassinos e assassinatos, mas também de amor, cumplicidade e amizade.

Aqui trago o que vem escrito na quarta capa, um trecho do livro:
"- Até nisso somos iguais. A única coisa que nos diferencia é que, quando acaba de falar com elas, você tem a possibilidade de se sentir cansado. Pode ir para casa e desligar a mente e todas as suas doenças. Eu não. Eu não consigo dormir de noite, porque meu sofrimento nunca acaba.

- E nessas noites, o que faz para se livrar do seu sofrimento?
- Eu mato..."
 Espero que gostem!!!! (o livro e a sinopse podem ser encontrados aqui)


Camila.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - ÚLTIMO DIA!

Bom pessoal, eu sei que me atrasei um pouco pra fechar essa "semana" do livro, mas hoje finalmente (e infelizmente) vamos conseguir!

Separei algumas partes do livro que realmente me fizeram parar e voltar a ler, ou simplesmente me deixaram pensando por algum tempo. Espero que vocês tenham gostado desse primeiro livro e que continuem acompanhando as novidades!!

Essa semana ainda pretendo trazer algumas coisas diferentes e Segunda começamos com um novo livro!! Ainda não decidi qual será, mas estou pensando em colocar "Eu Mato", do Giorgio Faletti (já comentei sobre ele aqui), conhecem?

Sem mais!! Vamos aos seis melhores trechos, segundo a minha opinião e emoção:


"- Abandonar tudo?

Como se colocasse nessa palavra toda a sua angústia, toda a sua vida.
E, de repente, o entendimento voltou entre nós. Em silêncio, vi-me pensando que, para cada ser, o outro não é apenas um caminho, mas também uma encruzilhada."
Essa parte pra mim diz tudo!!!!!!!!!! Sou apaixonada por essas palavras.

Agora, o Doriel parte pra um momento são e relembra a família. Ele escreve aos pais uma carta lindíssima, emocionante....aqui está:

"É o olhar de vocês que amo. Ele me agrada. É para ele que escrevo. Tolamente, estou convencido de que minhas palavras nele se inscrevem. Um dia, eu as relerei em voz alta. Para vocês. Para vê-los sorrir. E lhes direi, não, já estou dizendo: não receiem demais o que vai nos acontecer. Conto-lhes o meu passado para que não tenham medo."
Separei três outras passagens que me fizeram lembrar sempre de Wiesel e Doriel, antes do gran finale, fechando o ciclo começo/fim!

"Como se algumas trocas sobre o tempo que está fazendo pudessem exprimir tudo que define o ser humano, suas carências e virtudes, seus instintos e sua vontade de dominá-los, suas alegrias exuberantes e seus pesadelos mudos: todas essas riquezas, esses sinais, esses segredos, como poderia um homem contê-los, afora o de Deus, ou seja, por definição, um nome selado e para sempre desconhecido, quer dizer, inutilizável, inefável?"
" Como se tivesse sido pego em flagrante delito, Doriel deu um salto: ela leu seus pensamentos? Teria pensado em voz alta?
- O que é possível?

- Quando se acredita ter perdido tudo no abismo, inclusive o senso de orientação e de pureza, pode-se às vezes tentar se agarrar às paredes. Mesmo sem achar que isso sirva para qualquer coisa.

A doutora baixou a voz, como se falasse consigo mesma:

- Ajuda a sobreviver, mas não a viver.
Doriel não respondeu. Para quê? Um pensamento aflorou: deveria, talvez, imaginar os deuses enlouquecidos pelos homens."

"Vivemos apenas para um instante, um acontecimento, um encontro."

Agora sim, a parte final!! Não vou contar sobre o que acontece porque quero que leiam o livro, mas vocês se lembram daquele comecinho em que o autor cita os olhos de uma criança assustada como sendo os olhos da loucura que vive a personagem? Pois é, voltando àquele raciocínio, entendemos perfeitamente o que acontece na "cena" (juro, imagino perfeitamente uma cena pra essa parte!):


"Não sorria mais ao continuar:
- Por que quer tanto me amar?

A isso eu sabia responder:

- É por causa do seu sorriso. Sempre soube que amaria a mulher que tivesse o sorriso de uma criança assustada.
Ela pensou por um instante, depois se foi, sem me beijar."
Não é maravilhoso como tudo se encaixa? Na vida real, só depende de nós pra que tudo o que sonhamos se torne realidade; pra que tudo o que plantamos, não seja contaminado, mas, sim, colhido no tempo certo.


Camila.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - Sobre o aprendizado

OLÁ!!!!!

Estamos quase terminando com Uma Vontade Louca de Dançar e, na verdade, são tantos trechos, frases e pensamentos incríveis no livro, que fica difícil selecionar só alguns!

O tema que escolhi pra falarmos hoje são os ensinamentos absorvidos pela personargem ao longo de sua dura e louca trajetória até então. Doriel desabafa sobre o que aprendeu e também nos ensina e nos faz repensar certas atitudes e valores morais. Nos entrega frases antes presas na garganta; verbaliza aquilo que muitas vezes não conseguimos tirar de dentro de nós. Élie Wiesel trabalha maravilhosamente bem e, mais uma vez e como sempre, nod faz sentir parte da história.

Em um trecho, quase no fim do livro, o autor confessa:
"Para mim, ele era o início, como também o fim. Meu sonho inconfesso? Voltar a ser criança para não passar pela vergonha de ser adulto."
É quase um tapa na cara, quando analisamos a confissão anterior e a adicionamos à percepção de mundo que nos traz a personagem:
" Hesitou e continuou:
- ... E talvez louco de se amar.

Parou novamente, como se me convidasse a compreender por mim mesmo que, no mundo frio e cínico em que vivemos, é preciso ser louco para amar."

A realidade apresentada é infelizmente, muitas vezes, a realidade atual de muitos. Porém, uma luz de alívio e otimismo nos é mostrada:
" Apesar de fugaz, o instante conserva sua eternidade própria, assim como o amor e até mesmo o desejo concebem seu próprio absoluto. Se você aspira metamorfosear o ser e o tempo, e as relações que os unem, acabará tornando seu um pensamento platônico que, afinal, afasta o homem do seu destino, deixando-o no terreno vago, brumoso e entulhado, primeiro do descrédito, depois da demência. Nesse universo ambíguo, cheio de maquinações e fanfarronadas, a força reside no ato de forjar a própria lucidez, aprisionar a própria verdade. Quem ama, cria ou recria, nem que seja no tempo de duração de um piscar de olhos, já conquistou uma vitória sobre a absurda fatalidade."
Eu sei, eu sei que o post está ficando grande mas eu fiquei tão maravilhada com o que nosso amigo Doriel aprende e, ao mesmo tempo, ensina, que preciso colocar mais dois trechos que me chamaram muito a atenção:
"Como uma célula cancerosa perturbando o funcionamento de um órgão, o pensamento escolhe palavras simples, mas canais imprevisíveis e trilhas tortuosas balizadas por setas envenenadas, para chegar à sua meta, em uma louca instabilidade, ou na goela de um monstro. Por isso, doutora, não sendo eu, a senhora nunca pode pensar como eu. As palavras que saem dos meus lábios não são as que os seus ouvidos captam. Às vezes, procuro palavras que recusam sair; ficam escondidas, emboscadas, em nó, na garganta. Pode ouvi-las? Não." 

"Tentei responder com um sorriso que, como budista experiente, ele teria compreendido, mas desisti. O grito mais profundo e mais poderoso, disse um rabi hassídico, é o que mantemos encerrado no peito.
Como o remorso. E o desejo."

Concordo com absolutamente tudo isso! Quem não se identifica? Dá vontade de ser o próprio Doriel pra saber um pouco mais do que ele guarda dentro dele; é fascinante.


Camila.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - Sobre a vida

Hoje vim tratar de um assunto polêmico: a vida.

Muitas vezes nos questionamos tanto acerca de tudo o que acontece, ou sobre o que deveria ou não ter acontecido, ou se aquilo foi justo....a vida é, além de tudo que vivemos, uma incerteza muito grande. Nela, infelizmente, às vezes as únicas certezas que podemos ter, segundo Élie Wiesel e Doriel, nosso personagem, não expressam sentido compreensível, muitas vezes. Para Giorgio Faletti, autor de Eu Mato e Eu Sou Deus, "as certezas não são desse mundo. E as poucas que existem são quase sempre negativas" (vou colocar os livros dele na nossa lista mais pra frente, são maravilhosos!!!!).

Doriel faz conclusões que podem parecer imperceptíveis a nós, à medida que nos esquecemos realmente do ser humano que existe em cada um por conta da pressa que cada vez mais consome os homens, e mostra que o que importa está mesmo das coisas pequenas; na arte de parar por um instante e observar, viver.

Acima de tudo, o autor nos convida a refletir e tirar as nossas próprias conclusões sobre como estamos escrevendo a nossa própria história, e nos lembra que a roda da vida nunca para de girar.

Separei algumas passagens do livro pra vocês...me digam o que acharam!!
"Sentado em um banquinho, eu podia passar horas a fio fixando o vazio na esperança de preenchê-lo com a areia trazida pelas lágrimas das viúvas e dos órfãos, ou com o riso dos mendigos chamando a felicidade, para fugir assim que ela se aproxima. Tinha, então, a sensação de saber tudo e de nada compreender, ou, então, de nada saber, mas compreender coisas que aos outros escapam."
"O mesmo ocorre com relação à fé na humanidade do homem: antigamente, eu acreditava, apesar do próprio homem, do fundo da alma. Não acredito mais. Aqui estou, contando-lhe, talvez, a vida e a agonia de um homem que não conheço; sei apenas que é um ser humano como a senhora e eu, mas cujo destino foi manipulado, desfigurado, amputado. É essa a doença..."
"E a vida? O que vem a ser a vida? Não sei. Mas como viver? Esta é a verdadeira questão. Avançar isolado, sem contato algum, mesmo esbarrando em cada esquina, em cada trauseunte, em cada parede, é pior do que viver em um espaço sem consistência, glutinoso, brumoso, onde tudo é esfumado e translúcido? Creio, doutora, ter bebido da vida até a última gota. Já não disse, suficientemente, que não sou feliz? Contei porque permaneci celibatário? Falei-lhe o bastante da fé? Vejo nela uma provação infinita, um enfrentamento. Eu luto, e não me lembro mais por quê."

"Tudo? Uma palavra assim imensa pode nada dizer, ou muito pouco. Leve, sem espessura, como todas as demais. Talvez recobrisse seus impulsos, seus caprichos irracionais, sua curiosidade por tudo que saía do comum, sua recusa das normas impostas por uma sociedade hipócrita, à deriva e condenada à extinção, por tanto medo de se entediar."


Fotos: Camila

O que estão achando?? Me deem dicas, críticas e sugestões! Espero estar agradando a todos!!

Camila.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - Sobre o destino

Olá!!!!

Hoje resolvi falar sobre um assunto muitíssimo abordado no nosso livro da semana, o destino.  Apontando os caminhos da vida sem que se possa desviar seu destino final, esse "fazedor de rotas" é muitas vezes discreto, imperceptível, porém nunca deixa de ser carregado por cada um. Wiesel o leva consigo na trajetória da personagem do começo ao fim da obra.

Doriel define o destino de muitas formas, dando a ele o sentido de ser a própria vida, um fardo carregado ou mesmo o cargo de "senhor da vida", do qual não se tem controle algum.


Aqui estão trechos que exemplificam tal pensamento:
"- Tratando-se do destino, tudo é desafio – disse Maya. – Mas quem sai vencedor? Essa é a questão."
"Quem sabe é o destino, sempre o mesmo, querendo ser contado, mas com ritmos constantemente mudados e com uma estrutura eternamente renovada?"
"De tanto querer conferir um sentido ao destino, você corre o risco de se confundir com ele ou, pior ainda, assumir suas funções. É esse o erro! Você pode ser amigo de seu semelhante, ou até inimigo, mas não pode assumir o destino dele. O destino, ele o carrega em si."
Agora minha citação preferida:
"E o milagre aconteceu: senti uma mão apertando a minha.
- Nada mais – disse a voz que parecia ressoar no meu interior, como se reconfortasse a minha.
Na penumbra que invadiu o avião, pus-me a pensar nos tantos seres que haviam atravessado minha vida. Cada um tinha um rosto, um corpo e um nome. Cada um trouxe momentos de alegria que fizeram cantar, ou horas sombrias que fizeram chorar. Mas eu não experimentaria mais isso. Sim, com a idade, o corpo pressente armadilhas, adivinha os perigos e impõe a prudência: precisa aceitar os limites. E no entanto. O que tinha a perder, oferecendo um sorriso a mais ao destino? Em amor, tudo surge em um piscar de olhos; tendo como ingrediente obrigatório a surpresa, o espanto e o sentido do miraculoso. Tudo que eu tinha a fazer, no momento, era continuar a jogar, levar a história adiante."

Espero que tenham se interessado mais pelo livro! Resolvi deixar uns trechos interminados pra aumentar a curiosidade!!

Camila.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

LIVRO DA SEMANA - Uma Vontade Louca de Dançar

Essa primeira semana resolvi falar sobre um livro que amei quando li e, na verdade, foi uma reviravolta, por ser, ao mesmo tempo, tão maluco e tão fascinante!!




Escrito por Élie Wiesel (vencedor do Prêmio Nobel da Paz, em 1986), Uma Vontade Louca de Dançar conta a história de um homem misterioso e confuso na sala de sua psiquiatria, Thérèse Goldschmidt. Entre momentos históricos, comédia, tristeza e lembranças, Wiesel  faz com que façamos parte da vida de Doriel, a qual passamos a entender e até mesmo a nos identificar com suas inquietações e questionamentos acerca da vida e de tudo que a move.

É necessário entrar na loucura racional de Doriel, muitas vezes, para entendermos que, na verdade, não é possível compreender o que acontece ao nosso lado, e por vezes, ainda, é melhor que não entendamos realmente.


As primeiras palavras do livro são estas (me deixaram morrendo de vontade de ler o resto!):
"Ela tem olhos escuros e um sorriso de criança assustada. Procurei-a a vida inteira. Foi ela quem me salvou da morte muda que caracteriza resignação à solidão? E também da loucura em fase terminal – é exatamente o que digo, terminal -, como se fala de um câncer incurável? Sim, dessa loucura que pode servir de abrigo, ou até mesmo de salvação?
É dela, da loucura, que vou falar, da loucura carregada de lembranças e que tem olhos como todo mundo; mas, na minha história, eles são como o de uma criança sorridente tremendo de medo."

Ao longo da semana vou postar mais algumas passagens para que possam despertar uma curiosidade, e quem sabe, comecem a ler. Espero que gostem! (o livro pode ser comprado aqui.)

Camila.