sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Eu Sou Deus- ÚLTIMO DIA

Bom dia!!

Chega o final de semana e, com ele, o último dia dessas duas semanas de "Eu Sou Deus". Decidi selecionar alguns trechos de alívio e recomeço.

Todos nós já passamos por situações de angústia, medo e sentimento de incapacidade. Durante o percurso, que parece não ter fim, nos surpreendemos, muitas vezes, com a nossa força, nossos apegos e acabamos descobrindo novas formas de sermos nós mesmos. A fraqueza, nessas horas, o "let go", é o abismo.

Sobre isso, gosto muito de uma frase no Nietzsche, na qual ele diz: 
"Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti".

Mais uma vez, achei que Giorgio surpreendeu muito, principalmente no final do livro, ao deixar que as próprias personagens contassem suas próprias histórias.


"Russel deixou aflorar o tal sorriso.
Descobrir depois de todo aquele tempo que Jenson Wade tinha senso de humor era, no mínimo, estranho. Ficou se perguntando quantas coisas não sabia sobre o pai. Logo em seguida, respondendo a si mesmo, pensou com certa amargura que eram pelo menos tantas quantas as que seu pai não sabia sobre ele".
"Lá embaixo, vejo Nova York, uma das muitas cidades que consegui conquistar em minha vida. Mas hoje me parece um pouco mais preciosa, no momento em que um pensamento alegre atravessa minha mente.

Meu filho, Russel Wade, é um grande jornalista e um grande filho da puta.
Creio que esse segundo aspecto de sua personalidade ele herdou de mim". 

Em meio às reconciliações e perdas, a possibilidade de voltar a sorrir e a respirar:



"Em pouco tempo, voltaremos a conversar até reaprendermos a sorrir. Entendi muitas coisas aqui, do modo mais simples. E fui aprendendo aos poucos, dia após dia". 





"Quando acrescentou que daquela vez ninguém conseguiria tirá-lo de mim, eu sorri. 
                                                       Minha mãe também sorriu, e eu pude finalmente respirar".

"Chego mais perto e o olho bem nos olhos. Não consigo acreditar que esteja olhando para mim como eu queria que olhasse desde o primeiro momento em que o vi.

Fechando a análise que fizemos, a ficção na qual mergulhamos nesse thriller, trago as frases com as quais eu mais me identifiquei e acredito que aconteça o mesmo com vocês. A última delas contrasta com uma do último post (aqui).

"Toda essa experiência absurda acabou me ensinando que as palavras não totalmente expressadas são, às vezes, mais perigosas e mais danosas que as que gritamos a plenos pulmões. Ensinou também que a única maneira de não correr riscos, em certos casos, é arriscar". 





"É uma brisa fresca e leve, daquelas que enxugam as lágrimas dos homens e impedem que os anjos chorem." 

Bom final de semana a todos!

Camila.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eu Sou Deus - Ilusões

Em primeiro lugar, quero pedir desculpas por ter desaparecido um pouco na semana passada. Tive alguns compromissos, estou fazendo tudo ao mesmo tempo, ou seja, uma bagunça. Por causa disso, o livro da semana vai acabar tendo duas, mesmo porque na semana que está começando também tenho mil coisas, mas vou fazer o máximo pra atualizar vocês.

O tema de hoje é "ilusões". Resolvi falar sobre isso por dois motivos. O primeiro deles é que nós, com toda a nossa humanidade, nos deparamos com ilusões a todo momento. O segundo motivo foi próprio da história de "Eu Sou Deus", na qual, como já vimos, há uma dissimulação incrível de personalidades que assume nossa personagem. Assim, a esperança muitas vezes se confunde com a realidade e com a ilusão, criando e alimentando o que Giorgio Faletti chama de "Deus".
"Um bater de cílios, um salto indecifrável no cronômetro da eternidade. No entanto, bastaram para apagar tudo. Agora, se levantasse os olhos, só veria diante de si uma parede lisa, cujo único apoio para encorajar a subida era seu rancor". 

"Era uma época em que ainda acreditava que as esperanças não custavam nada, antes de aprender que, ao contrário, podem custar muito caro". 


E dessas frases nasce a que, a meu ver, é a mais gritante do ceticismo:
"Teve a impressão de que o vento, aquele que impedia os anjos e os homens de chorar, tinha de repente parado de soprar".

Para aqueles que fazem a guerra, que conhecem o peso da destruição e de serem destruídos, as memórias e o aprendizado que dela surgem levam, muitas vezes, à vontade do desaparecimento, do esquecimento perante aqueles que esperam.
"Agora, tudo o que lhe restava daquela farda era uma jaqueta de tecido verde no fundo de uma sacola. E as regras voltaram a ser as de sempre.
(...)
Sem saber, os homens que lhe mandaram enfrentar a guerra e seus ritos tribais deram-lhe algo que, antes, ele apenas tivera a ilusão de possuir: liberdade."

"Havia uma nota de reprovação naquelas palavras e naquela voz. Ele se levantou num salto, apoiando para si mesmo com as duas mãos.
-Não está vendo, Ben? As cicatrizes que está vendo no meu rosto estão espalhadas por todo o meu corpo.
-Ela amava você.
Ben se corrigiu imediatamente.
-Ela ama você.
Ele sacudiu a cabeça como se quisesse afastar um pensamento incômodo.
-Ama um homem que já não existe mais.
-Tenho certeza de que...
Ele o deteve com um gesto de mão.
-As certezas não são deste mundo. E as poucas que existem são quase sempre negativas."

Deixo, assim, para vocês, uma última frase que me chamou muito a atenção; levando o contexto do livro, tudo faz sentido. Quando, porém, trazemos à realidade, a veracidade se desfaz, à medida que se sobrepõem nossos valores.

"A fé era uma dádiva, como o amor, a amizade e a confiança. Não podia nascer da razão. A razão só podia, em determinados casos, ajudar a mantê-la viva. Era o outro trilo, o que corria paralelamente, numa direção que não se podia conhecer. Mas se a fé levava à perda da razão, perdiam-se com ela o amor, a amizade, a confiança, a bondade.
E, portanto, a esperança."



Camila.