domingo, 29 de janeiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - Sobre o aprendizado

OLÁ!!!!!

Estamos quase terminando com Uma Vontade Louca de Dançar e, na verdade, são tantos trechos, frases e pensamentos incríveis no livro, que fica difícil selecionar só alguns!

O tema que escolhi pra falarmos hoje são os ensinamentos absorvidos pela personargem ao longo de sua dura e louca trajetória até então. Doriel desabafa sobre o que aprendeu e também nos ensina e nos faz repensar certas atitudes e valores morais. Nos entrega frases antes presas na garganta; verbaliza aquilo que muitas vezes não conseguimos tirar de dentro de nós. Élie Wiesel trabalha maravilhosamente bem e, mais uma vez e como sempre, nod faz sentir parte da história.

Em um trecho, quase no fim do livro, o autor confessa:
"Para mim, ele era o início, como também o fim. Meu sonho inconfesso? Voltar a ser criança para não passar pela vergonha de ser adulto."
É quase um tapa na cara, quando analisamos a confissão anterior e a adicionamos à percepção de mundo que nos traz a personagem:
" Hesitou e continuou:
- ... E talvez louco de se amar.

Parou novamente, como se me convidasse a compreender por mim mesmo que, no mundo frio e cínico em que vivemos, é preciso ser louco para amar."

A realidade apresentada é infelizmente, muitas vezes, a realidade atual de muitos. Porém, uma luz de alívio e otimismo nos é mostrada:
" Apesar de fugaz, o instante conserva sua eternidade própria, assim como o amor e até mesmo o desejo concebem seu próprio absoluto. Se você aspira metamorfosear o ser e o tempo, e as relações que os unem, acabará tornando seu um pensamento platônico que, afinal, afasta o homem do seu destino, deixando-o no terreno vago, brumoso e entulhado, primeiro do descrédito, depois da demência. Nesse universo ambíguo, cheio de maquinações e fanfarronadas, a força reside no ato de forjar a própria lucidez, aprisionar a própria verdade. Quem ama, cria ou recria, nem que seja no tempo de duração de um piscar de olhos, já conquistou uma vitória sobre a absurda fatalidade."
Eu sei, eu sei que o post está ficando grande mas eu fiquei tão maravilhada com o que nosso amigo Doriel aprende e, ao mesmo tempo, ensina, que preciso colocar mais dois trechos que me chamaram muito a atenção:
"Como uma célula cancerosa perturbando o funcionamento de um órgão, o pensamento escolhe palavras simples, mas canais imprevisíveis e trilhas tortuosas balizadas por setas envenenadas, para chegar à sua meta, em uma louca instabilidade, ou na goela de um monstro. Por isso, doutora, não sendo eu, a senhora nunca pode pensar como eu. As palavras que saem dos meus lábios não são as que os seus ouvidos captam. Às vezes, procuro palavras que recusam sair; ficam escondidas, emboscadas, em nó, na garganta. Pode ouvi-las? Não." 

"Tentei responder com um sorriso que, como budista experiente, ele teria compreendido, mas desisti. O grito mais profundo e mais poderoso, disse um rabi hassídico, é o que mantemos encerrado no peito.
Como o remorso. E o desejo."

Concordo com absolutamente tudo isso! Quem não se identifica? Dá vontade de ser o próprio Doriel pra saber um pouco mais do que ele guarda dentro dele; é fascinante.


Camila.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - Sobre a vida

Hoje vim tratar de um assunto polêmico: a vida.

Muitas vezes nos questionamos tanto acerca de tudo o que acontece, ou sobre o que deveria ou não ter acontecido, ou se aquilo foi justo....a vida é, além de tudo que vivemos, uma incerteza muito grande. Nela, infelizmente, às vezes as únicas certezas que podemos ter, segundo Élie Wiesel e Doriel, nosso personagem, não expressam sentido compreensível, muitas vezes. Para Giorgio Faletti, autor de Eu Mato e Eu Sou Deus, "as certezas não são desse mundo. E as poucas que existem são quase sempre negativas" (vou colocar os livros dele na nossa lista mais pra frente, são maravilhosos!!!!).

Doriel faz conclusões que podem parecer imperceptíveis a nós, à medida que nos esquecemos realmente do ser humano que existe em cada um por conta da pressa que cada vez mais consome os homens, e mostra que o que importa está mesmo das coisas pequenas; na arte de parar por um instante e observar, viver.

Acima de tudo, o autor nos convida a refletir e tirar as nossas próprias conclusões sobre como estamos escrevendo a nossa própria história, e nos lembra que a roda da vida nunca para de girar.

Separei algumas passagens do livro pra vocês...me digam o que acharam!!
"Sentado em um banquinho, eu podia passar horas a fio fixando o vazio na esperança de preenchê-lo com a areia trazida pelas lágrimas das viúvas e dos órfãos, ou com o riso dos mendigos chamando a felicidade, para fugir assim que ela se aproxima. Tinha, então, a sensação de saber tudo e de nada compreender, ou, então, de nada saber, mas compreender coisas que aos outros escapam."
"O mesmo ocorre com relação à fé na humanidade do homem: antigamente, eu acreditava, apesar do próprio homem, do fundo da alma. Não acredito mais. Aqui estou, contando-lhe, talvez, a vida e a agonia de um homem que não conheço; sei apenas que é um ser humano como a senhora e eu, mas cujo destino foi manipulado, desfigurado, amputado. É essa a doença..."
"E a vida? O que vem a ser a vida? Não sei. Mas como viver? Esta é a verdadeira questão. Avançar isolado, sem contato algum, mesmo esbarrando em cada esquina, em cada trauseunte, em cada parede, é pior do que viver em um espaço sem consistência, glutinoso, brumoso, onde tudo é esfumado e translúcido? Creio, doutora, ter bebido da vida até a última gota. Já não disse, suficientemente, que não sou feliz? Contei porque permaneci celibatário? Falei-lhe o bastante da fé? Vejo nela uma provação infinita, um enfrentamento. Eu luto, e não me lembro mais por quê."

"Tudo? Uma palavra assim imensa pode nada dizer, ou muito pouco. Leve, sem espessura, como todas as demais. Talvez recobrisse seus impulsos, seus caprichos irracionais, sua curiosidade por tudo que saía do comum, sua recusa das normas impostas por uma sociedade hipócrita, à deriva e condenada à extinção, por tanto medo de se entediar."


Fotos: Camila

O que estão achando?? Me deem dicas, críticas e sugestões! Espero estar agradando a todos!!

Camila.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Uma Vontade Louca de Dançar - Sobre o destino

Olá!!!!

Hoje resolvi falar sobre um assunto muitíssimo abordado no nosso livro da semana, o destino.  Apontando os caminhos da vida sem que se possa desviar seu destino final, esse "fazedor de rotas" é muitas vezes discreto, imperceptível, porém nunca deixa de ser carregado por cada um. Wiesel o leva consigo na trajetória da personagem do começo ao fim da obra.

Doriel define o destino de muitas formas, dando a ele o sentido de ser a própria vida, um fardo carregado ou mesmo o cargo de "senhor da vida", do qual não se tem controle algum.


Aqui estão trechos que exemplificam tal pensamento:
"- Tratando-se do destino, tudo é desafio – disse Maya. – Mas quem sai vencedor? Essa é a questão."
"Quem sabe é o destino, sempre o mesmo, querendo ser contado, mas com ritmos constantemente mudados e com uma estrutura eternamente renovada?"
"De tanto querer conferir um sentido ao destino, você corre o risco de se confundir com ele ou, pior ainda, assumir suas funções. É esse o erro! Você pode ser amigo de seu semelhante, ou até inimigo, mas não pode assumir o destino dele. O destino, ele o carrega em si."
Agora minha citação preferida:
"E o milagre aconteceu: senti uma mão apertando a minha.
- Nada mais – disse a voz que parecia ressoar no meu interior, como se reconfortasse a minha.
Na penumbra que invadiu o avião, pus-me a pensar nos tantos seres que haviam atravessado minha vida. Cada um tinha um rosto, um corpo e um nome. Cada um trouxe momentos de alegria que fizeram cantar, ou horas sombrias que fizeram chorar. Mas eu não experimentaria mais isso. Sim, com a idade, o corpo pressente armadilhas, adivinha os perigos e impõe a prudência: precisa aceitar os limites. E no entanto. O que tinha a perder, oferecendo um sorriso a mais ao destino? Em amor, tudo surge em um piscar de olhos; tendo como ingrediente obrigatório a surpresa, o espanto e o sentido do miraculoso. Tudo que eu tinha a fazer, no momento, era continuar a jogar, levar a história adiante."

Espero que tenham se interessado mais pelo livro! Resolvi deixar uns trechos interminados pra aumentar a curiosidade!!

Camila.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

LIVRO DA SEMANA - Uma Vontade Louca de Dançar

Essa primeira semana resolvi falar sobre um livro que amei quando li e, na verdade, foi uma reviravolta, por ser, ao mesmo tempo, tão maluco e tão fascinante!!




Escrito por Élie Wiesel (vencedor do Prêmio Nobel da Paz, em 1986), Uma Vontade Louca de Dançar conta a história de um homem misterioso e confuso na sala de sua psiquiatria, Thérèse Goldschmidt. Entre momentos históricos, comédia, tristeza e lembranças, Wiesel  faz com que façamos parte da vida de Doriel, a qual passamos a entender e até mesmo a nos identificar com suas inquietações e questionamentos acerca da vida e de tudo que a move.

É necessário entrar na loucura racional de Doriel, muitas vezes, para entendermos que, na verdade, não é possível compreender o que acontece ao nosso lado, e por vezes, ainda, é melhor que não entendamos realmente.


As primeiras palavras do livro são estas (me deixaram morrendo de vontade de ler o resto!):
"Ela tem olhos escuros e um sorriso de criança assustada. Procurei-a a vida inteira. Foi ela quem me salvou da morte muda que caracteriza resignação à solidão? E também da loucura em fase terminal – é exatamente o que digo, terminal -, como se fala de um câncer incurável? Sim, dessa loucura que pode servir de abrigo, ou até mesmo de salvação?
É dela, da loucura, que vou falar, da loucura carregada de lembranças e que tem olhos como todo mundo; mas, na minha história, eles são como o de uma criança sorridente tremendo de medo."

Ao longo da semana vou postar mais algumas passagens para que possam despertar uma curiosidade, e quem sabe, comecem a ler. Espero que gostem! (o livro pode ser comprado aqui.)

Camila.